Richard Simonetti

TRANQUILIZANTES

Richard - TRANQUILIZANTES

Richard Simonetti
Extraído do Livro.: Para Rir e Refletir – CEAC

 

O paciente reclamava de perturbadora disfunção digestiva que o situava em destempero permanente.

Comparecia ao sanitário inúmeras vezes, ao longo do dia..

Obviamente, isso o incomodava.

Sob orientação médica, submeteu-se a exames. Resultado negativo. Nada que justificasse a anomalia.

Não obstante, foi prescrito tratamento.

No primeiro retorno, o especialista perguntou:

– Então, melhorou?

– Que nada doutor! O problema permanece!

Nova prescrição, medicamentos poderosos.

– Melhorou? Baixou a performance?

– Infelizmente, não.

E aquilo foi se estendendo… A cada retorno, nem havia necessidade de muitas palavras.

O médico, polegar para cima:

– Tudo bem?

O paciente, polegar para baixo:

– Negativo!

Exasperado com a insólita situação, nosso herói sentia-se deprimido e irritado.

O especialista cogitou de outra possibilidade: talvez se tratasse de uma somatização, a manifestação física de problemas emocionais.

Receitou poderoso tranqüilizante.

Um mês depois, retornou o paciente.

O médico, polegar para cima:

  • Tudo bem?

O paciente, risonho, imitando o gesto:

  • Tudo ótimo!

O médico, animado:

– Vejo que desta vez deu certo. Normalizou as funções do aparelho digestivo…

– Olhe, doutor, continua do mesmo tamanho, mas há uma diferença: com o remédio que o senhor prescreveu, tiro de letra! Estou tranqüilo. Até aproveito para pôr em dia minhas leituras…

Bem, leitor amigo, o destempero daquele paciente talvez não seja o exemplo mais apropriado, mas serve para ilustrar os benefícios do conhecimento espírita diante de situações e males inexoráveis:

 

  • A morte de um ente querido.
  • A doença incurável.

 

  • A limitação física insuperável.

 

  • A impossibilidade de gerar filhos.

 

  • A desilusão sentimental.

 

  • O grave prejuízo financeiro.

 

São o que poderíamos situar por manifestações cármicas inamovíveis – não podem ser modificadas.

Fazem parte de um quadro expiatório.

É a cruz a ser conduzida.

Haverá algo pior?

Sim. A inconformação, que se exprime em revolta e desespero.

Essas insidiosas manifestações de rebeldia multiplicam muitas vezes nossos padecimentos, como um ferimento que estivéssemos a verrumar ou a tratar com ácido.

Quando aceitamos, submetendo-nos à vontade de Deus, fica mais fácil.

Aqui entra o Espiritismo, o tranqüilizante de nossas almas, a explicar que há razões ponderáveis para determinadas situações que surgem.

São colheitas obrigatórias de desastradas semeaduras.

São frutos amargos de nossos deslizes do passado.

Não obstante, ensejam abençoadas oportunidades de resgate e reajuste, em favor de um futuro melhor.

Altamente inconveniente, portanto, a revolta ou o desespero.

Algo como nos aborrecermos com a presença do credor que vem receber seu dinheiro, em data que nós mesmos marcamos.

Ensina a Doutrina:

Aceitando a vontade de Deus e procurando fazer o melhor em situações inamovíveis, haveremos de enfrentá-las com serenidade, sem perder o dom mais precioso:

 

A capacidade de sermos felizes, mesmo na adversidade.

Comment here