Orson Peter Carrara

Premiada pelo Criança Esperança

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Conheci em Araranguá (SC) a Casa da Fraternidade, premiada duas vezes pelo conhecido programa Criança Esperança, da TV Globo, pela dimensão do trabalho educativo promocional realizado no município catarinense. A cidade tem população em torno de 65.000 habitantes e localiza-se no extremo sul de SC, a 10 km do litoral, e sua economia gira em torno da confecção e comércio de roupas, e no verão do turismo. A Casa da Fraternidade, no bairro Lagoão, se localizava a população mais carente, quadro que vem mudando de alguns anos para cá, devido ao trabalho da instituição em favor dessa população.

À época entrevistei a presidente da instituição, Cátia Sirlene G. Hahn, natural da capital paulista e residente na citada cidade. Reproduzo trechos parciais de algumas de suas respostas: (relembro ao leitor que a entrevista está parcialmente transcrita)

3-Quantas pessoas a Casa da Fraternidade já atendeu?

Já passaram pela Casa mais de 5 mil crianças. Em meados de 1997, quando cheguei (…), no entorno da Casa havia muita pobreza, o tráfico de drogas era intenso, às vezes tínhamos que pedir licença para entrar na Casa. Com poucos frequentadores, pois o bairro assustava a quem chegava, a estrutura material da Casa estava péssima, a Creche era mantida pela Prefeitura. (…) No ano 2000, a prefeitura decide construir uma nova creche no bairro, foi quando decidimos reformar o antigo prédio e iniciar um novo trabalho para os meninos e meninas em idade escolar. Surgiu então o Projeto Juventude Luzes do Amanhã, com o Alex no teatro, a Zizi ministrando música, a Luciani e eu nos revezando na limpeza, na cozinha e nas aulas de valores humanos, nos pedidos de doações. Como éramos poucos, fazíamos quase tudo sozinhos, tínhamos inúmeras dificuldades, pela falta de apoio técnico, falta de recursos financeiros, falta de materiais. Aos poucos foram surgindo novos voluntários para as atividades de artesanato, enxoval de bebê, e recreação, e o projeto ia tomando forma. Fomos nos capacitando, conseguimos angariar parcerias, contratar pessoal e delegar tarefas.

5-O que eram as aulas de Valores Humanos?

Sempre tivemos como princípio que a religião não deve ser imposta, mas os princípios de espiritualidade devem estar presentes na vida dos atendidos de uma forma autônoma. A professora Zizi, antes de vir para Araranguá havia lecionado música na Mansão do Caminho (Bahia). E contou que lá o Divaldo aplicava a pedagogia dos Valores Humanos (Sai Baba) antes de cada atividade. Ficamos muito interessados, e decidimos então fazer um teste. Passamos a debater uma mensagem por semana através de painéis e dinâmicas de grupo. E as crianças adoraram as aulas. A partir daí vimos que precisávamos de uma proposta pedagógica e fomos pesquisar Pestalozzi. Até hoje o método é aplicado.

6 – Qual o público alvo e quantas pessoas atendidas diariamente? É em regime de internato ou semi-internato?

Hoje atendemos 205 crianças e adolescentes entre 06 a 14 anos, e 20 adolescentes entre 15 e 18 anos em diversas oficinas culturais em horário oposto ao escolar, em aulas de canto, ballé clássico, teatro, violão, percussão, informática, artesanato, artes visuais, xadrez, capoeira e outras. As crianças fazem reforço escolar, aulas de ética e cidadania e atividades literárias, almoçam e tomam café na entidade, recebem orientação psicológica, apoio psicopedagógico e suas famílias são acompanhadas pelo serviço de assistência social.

 7 – E qual foi a premiação recebida pelo trabalho? E o que significou essas premiações para a instituição?

Em 2010 o Projeto também ganhou a chancela de “Ponto de Cultura” do Ministério da Cultura e Secretaria de Cultura do Estado. Além do reconhecimento governamental, isso fez com que novos públicos viessem também a participar das atividades. Com os recursos conseguimos manter uma equipe de trabalho, que hoje conta com 21 profissionais contratados, ampliar nossas instalações e adquirir novos equipamentos. Em 2012 ganhamos o Criança Esperança. Em 2013 fomos classificados como semi-finalistas do premio Itau-Unicef. E em 2014 ganhamos novamente o Criança Esperança e um premio da Fundação Biblioteca Nacional.

 

8 – E como foi a premiação pelo CRIANÇA ESPERANÇA? O que levaram em conta?

São quase dois mil projetos inscritos a cada ano no Edital, e uma seleção rigorosa. Fomos um entre os três projetos de Santa Catarina contemplados. Penso que para a seleção foi levado em conta os aspectos inovadores do projeto, a proposta pedagógica, a transformação da comunidade, o empenho da equipe de trabalho, a missão da instituição, além dos aspectos legais. Percebemos que após o Criança Esperança passamos por uma nova fase, pois se tivemos maior visibilidade, também mais responsabilidades, pois o trabalho se desenvolveu, o número de crianças e famílias praticamente dobrou, a equipe teve que se capacitar, e correr atrás de mais recursos.  

10 – Algo marcante a citar nesses anos todos de trabalho?

Acho que foi marcante a gravação da equipe da Rede Globo para o Criança Esperança.  Foi num dia muito especial para todos. Pessoalmente eu e o Alex (meu marido), estávamos bem desanimados, com os problemas de saúde do Alex, que passou por uma cirurgia gravíssima no inicio do ano. Foi uma época muito difícil e eu estava me questionando se tudo isso valeria a pena… Fomos pegos de surpresa, e a jornalista Kiria começou a entrevistar as crianças e as famílias dos atendidos. Todos nos emocionamos, principalmente com o depoimento do menino Vilásio, que começou na Casa aos seis anos e hoje está com 17 anos. Foi muito legal ver o nosso projeto e nossa Casa na televisão. Ligaram várias pessoas até dos Estados Unidos, dizendo que assistiram a matéria. 

12 – Quais os contatos para quem desejar auxiliar ou visitar?

A Casa da Fraternidade fica na Rua Pedro Gomes, 740- Bairro Lagoão- Araranguá/SC

Telefone: 48.3527.0214 – email: casa.fraternidade@gmail.com

Site: WWW.projetojuventude.com.br

Quem quiser contribuir financeiramente pode fazer um deposito na conta Banco do Brasil – agencia 5280-9 – C/C 9752-7

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