Wellington Balbo
Polêmicas vez ou outra visitam o cenário espírita. Natural, porquanto Kardec não abordou tudo e apenas levantou o véu do mundo invisível. Muitas coisas ficaram sem respostas e as gerações que sucederam Kardec deveriam dar seguimento à sua obra, vasculhando informações para elucidar mais leis que regem os dois mundos. De tal modo, temas que na época não foram ventilados por Kardec, entram em pauta e suscitam opiniões das mais diversas e divergentes.
Não raro desentendimentos…
Apometria, colônias espirituais, reuniões públicas abertas ou fechadas… Iríamos longe e poderíamos passar três páginas ou mais citando temas que são motivos de polêmica no seio do movimento espírita.
Mas, como, então, resolver a polêmica? Quem tem razão? Qual o caminho mais seguro a percorrer?
Não obstante a impossibilidade de falar sobre tudo, Kardec deixou um legado quanto ao que se deve fazer no tocante às polêmicas espíritas.
Sua diretriz está na Revista Espírita, abril de 1864, e diz que a força do Espiritismo reside no controle universal do ensinamento dos Espíritos.
Não há um indivíduo com força para dar a palavra final sobre Espiritismo, porque a força está no ensinamento de muitos Espíritos e a análise irrestrita da lógica e coerência das informações.
A ideia de Kardec é muito interessante pois tira a responsabilidade de apenas um ser, seja encarnado ou desencarnado, de dar o veredicto, se é, aliás, que podemos assim chamar.
Segundo Kardec, no que concerne às polêmicas espíritas, a palavra final será dada por muitos Espíritos com base neste controle universal. As ideias precisam estar casando e com conexão para que algo seja admitido como máxima espírita. Ao homem, ou aos grupos de homens, cabe a análise e reflexão em torno do que está chegando dos Espíritos no que concerne aos mais diversos assuntos. Ou seja, é um trabalho em conjunto e que deverá, também, ter a pesquisa de campo e a observação para comprovar a teoria e as informações advindas dos Espíritos.
A análise do que dizem os Espíritos, aliás, é fundamental. O próprio Kardec refez alguns pontos de vista e modificou informações constantes em O livro dos Espíritos. Basta verificar a questão que envolve a possessão.
Um outro ponto que gostaria de tocar:
Podem ter aqui e alhures muitas informações soltas dadas por diversos Espíritos por meio de médiuns que se desconhecem e em épocas diferentes. O segredo está em catalogar essas informações, verificar sua unidade, uni-las e prosseguir no trabalho a visar o progresso da ciência espírita.
Apenas para fins didáticos e sem ideia de fechar questão trago um exemplo: suponhamos que existam dúvidas quanto a existência de colônias espirituais. Uma das formas de verificar a autenticidade desta informação transformando-a, realmente, em conceito espírita é realizar uma pesquisa quanto às comunicações dadas em diversas épocas da humanidade por diversos médiuns. Reune-se o material que está solto e promove-se, então, o trabalho para constatar se a ideia é ou não possível.
De fato que não é uma tarefa fácil, mas perfeitamente exequível e importante para que o Espiritismo prossiga em sua marcha progressista.
Pensemos nisto.
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