Richard Simonetti

O Objetivo Único da Vida

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Richard Simonetti

Extraído do Livro: A Saúde da Alma – CEAC

Na questão 860, de O Livro dos Espíritos, interroga Allan Kardec:

Pode o homem, por sua vontade e por seus atos, evitar acontecimentos que deveriam realizar-se e vice-versa?

Responde o mentor que o assiste:

Pode, desde que esse aparente desvio possa caber na vida que escolheu. Além disso, para fazer o bem que lhe cumpre – único objetivo da vida – é permitido ao homem impedir o mal, sobretudo aquele que possa contribuir para a produção de um mal maior.

Há nessa resposta material para volumoso livro.

De minha parte, gostaria de chamar sua atenção, leitor amigo, para incisiva observação ali contida.

O mentor espiritual está falando, com todas as letras, que a prática do Bem é o objetivo único da vida.

Um confrade questionava:

– Não haverá aqui um problema de filtragem mediúnica? Será unicamente para isso que existimos: praticar o Bem?!

A fim de entender essa colocação do mentor espiritual, consideremos que Deus não nos concedeu a vida por mero diletantismo.

Criados à Sua imagem e semelhança, segundo a expressão bíblica, deuses em potencial, somos instrumentos da Vontade Divina, co-participantes na obra da Criação.

Mais cedo ou mais tarde, quando puros e perfeitos, dentro de milhares ou milhões de anos, dependendo de nosso esforço, também teremos missões gloriosas a cumprir, doadores de bênçãos, a enriquecer e sustentar a Vida onde estivermos.

***

Vale destacar que os Espíritos puros e perfeitos cumprem integralmente a suprema lei divina: o Amor.

Amar é querer o bem de alguém.

Consequentemente, o exercício pleno do Amor implica plena disposição em praticar o Bem.

Lembro-me de uma observação do Espírito Cairbar Schutel, o grande lidador espírita de Matão, pela mediunidade de Chico Xavier:

A felicidade do Céu é socorrer a infelicidade da Terra.

Jamais iremos tocar harpa no Céu, em permanente repouso, como pretendiam os teólogos medievais, o que, diga-se de passagem, não seria nada animador.

Ociosidade eterna está mais para inferno do que paraíso.

***

Uma das revelações mais gratificantes do Espiritismo diz respeito à nossa destinação final.

Não há escolhidos, almas eleitas por suposta deferência divina. Todos atingiremos a perfeição, quer queiramos ou não, porque essa é a vontade de Deus, que não falha jamais em seus objetivos.

Chegaremos um dia onde Jesus está, tanto quanto ele esteve onde estamos.

Atingida essa meta exercitaremos o bem incessante, a sustentar nossa perene comunhão com o Criador, integrados na Harmonia Universal, felizes para sempre.

Por isso, todos os mecanismos evolutivos a que estamos submetidos – a reencarnação, a infância, o lar, o relacionamento afetivo, a escola, a dor, a adversidade, a doença, a velhice, a morte – nada mais fazem senão amadurecer em nós a consciência de que é preciso participar da economia universal, exercitando o Bem sempre, adequando-nos às Leis Divinas e realizando-nos como filhos de Deus.

Aqueles que servem empolgados pelo ideal do Bem queimam etapas evolutivas, caminham mais depressa, atingem a santidade antes mesmo de serem sábios.

Na verdade revelam muito mais sabedoria do que arrogantes intelectuais que julgam detê-la. Estes, embriagados por altos vôos da inteligência, perdem-se em discussões estéreis e raciocínios esdrúxulos, sem perceberem a suprema sabedoria que se exprime num gesto de bondade em favor do próximo, nossa ponte para Deus.

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