Orson Peter Carrara
Estouram periodicamente no movimento espírita, numa alternância facilmente observável de um planejamento perverso muitas vezes nem percebido, ações e posturas – que em muitos casos viram modismos – que são plenamente dispensáveis, pois que inúteis.
São sugestionadas as censuras, as discriminações, as disputas. São escolhidos alguns tópicos ou temas – escolhidos os polêmicos, claro –, e até mesmo alguns livros ou pontos de vistas, que são alimentados pela presunção da sabedoria ou pela pretensão de denegrir. Elegem-se ídolos, constroem-se padrões planejados ou diretrizes como essenciais para direcionar a objetivos nem sempre claros, seguidos por desatentos, desinformados ou seduzidos.
Disputas, ídolos construídos, censuras, discriminações, polêmicas desnecessárias que só desviam do objetivo maior, egos buscados ou alimentados, são modismos. Igualmente são posturas dispensáveis. A nada servem. Na verdade, só desviam do objetivo essencial. Objetivo bem definido por Kardec.
Em “O Espiritismo em sua mais simples expressão”, encontramos:
“(…) 35 – O objetivo essencial do Espiritismo é o melhoramento dos homens. Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudar no progresso moral e intelectual. (…)”
E mais adiante, nos itens 36 e 37 da mesma obra:
“(…) De nada adianta crer, se a crença não faz com que dê um passo adiante na via do progresso, e não o torne melhor para seu próximo. (…) O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência, são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como antídoto: a caridade e a humildade. (…)”
Muitas outras transcrições, decorrentes de pesquisas na mesa direção em toda a obra de Kardec, levam à mesma conclusão: o objetivo do Espiritismo é nosso melhoramento moral. Desviar-se desse objetivo é distorcer a prática espírita. Portanto, as situações acima citadas, onde podem também incluir-se a imposição de ideias e mesmo a inclusão de práticas estranhas, são fruto da imaturidade humana, acionada especialmente pelo egoísmo que ainda nos caracteriza as ações.
Então, ficamos a dizer que isso pode, aquilo não pode. Ficamos a distorcer a credibilidade construída sobre a lógica e o bom senso, qualificamos experiências e ensinos valorosos como ultrapassados, entre outras situações que a imaginação, a memória ou a constatação do leitor já identificou em seu cotidiano nas instituições.
Pois isso é incompatível com o Espiritismo. Isso é prática deturpada de espíritas desatentos e sem a conexão do conhecimento aliado à prática. Portanto, dispensáveis. Até porque os prejuízos gerados nos que se aproximam e encontram tais situações, ou mesmo a veteranos que se deixam contagiar ou se deixam conduzir, interrompem ou paralisam em definitivo iniciativas de inúmeros benefícios para muitos. Por força do egoísmo que impõe, que inclui na argumentação ilusória, que manipula buscando outros interesses ou que estabelece padrões de comportamento que nada tem a ver com a genuína prática espírita.
Isso tudo é fruto do egoísmo, é resultado da imaturidade, para os quais devemos estar atentos, para também não nos deixarmos levar, desviando ou desvalorizando nobres esforços consolidados ou em andamento.
Cuidado com os modismos. Eles passam e se ficarmos prestando atenção neles, deixamos de fazer aquilo que precisa ser feito, deixamos de cumprir o dever que nos cabe. Como identifica-los? Ah, isso é muito fácil! Basta observar a autopromoção, observar a ausência do bom senso e da lógica e também ver a presença do fanatismo. Também estão na inclusão de verdadeiros rituais, na imposição de modelos prontos e até mesmo na prevalência dos interesses pessoais, ao invés do interesse coletivo. Está também na manipulação das ideias e mesmo na mais fácil indicação que você pode observar: na pretensão da verdade e na preocupação constante da demonstração de infalibilidade. Nesses casos, inclusive, seus protagonistas fogem do objetivo essencial da Doutrina Espírita, procurando impressionar os desprevenidos, com posturas e modismo plenamente dispensáveis, totalmente desconectados com o Espiritismo.
Por isso voltemos a Kardec: o objetivo essencial do Espiritismo é nossa melhora moral.
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