Orson Peter Carrara
Todos mantemos expectativas variadas, entre elas esperar iniciativas e ações de outras pessoas, esquecendo-se do principal: o primeiro passo, em muitos casos, talvez deva ser nosso.
Emmanuel no precioso capítulo O Grande Servidor, constante do livro Segue-me! (lançado pela editora O Clarim, em 1973, portanto, há 50 anos), traz essa importante afirmação: Fazer é o melhor processo de aconselhar.
Muitos de nós imaginamos muito planejamentos e nos excluímos da execução, esperando que os outros façam. Mas a afirmativa do bondoso instrutor chama a atenção. Darmos o primeiro passo, fazer, continuar, tem o alto mérito de motivar e envolver outras pessoas, outros grupos e servir de exemplo, inclusive, em muitos casos. Muitos querem fazer isso ou aquilo, aguardando que os outros fazem. Ora, isso é incoerente, se somos nós os idealizadores, aqueles que conceberam uma ideia, um projeto, nada melhor que colocar mãos à obra.
Palavreados pouco efeito alcançam. Fazer, todavia, estar na atividade, prosseguir com a iniciativa, é prova viva de atuação, que contagia e atrai.
A frase de Emmanuel, acima transcrita, conclui o citado capítulo. Todavia, no mesmo parágrafo, que é também o último, há outra preciosidade: “(…) elevando pessoas e melhorando situações é servir sempre (…)”, para justamente culminar com brilhante conclusão: Fazer é o melhor processo de aconselhar.
O notável artigo foi inspirado na anotação de Lucas 22:27: “Eu estou entre vós como quem serve”. É que o Divino Mestre, apesar de todos os seus valores e bagagens, não ficou a determinar, a comandar, a mandar, mas atuou como servidor, atendendo a todos e entregando-se a servir.
Temos, a partir do exemplo e legado deixado por Ele, que movimentarmos tudo que nos for possível – em termos desde o tempo e possibilidades até conhecimentos, habilidades e experiências – para elevar pessoas e melhor situações, como sugere Emmanuel.
Isso permite, na busca desse ideal, enxergar possibilidades, usar criatividade e imaginação, envolver pessoas e grupos na construção da própria elevação e na melhora contínua e gradativa das circunstâncias e situações que continuamente se apresentam em todos os contextos da experiência humana.
Agora, exatamente agora, nesse instante, que posso fazer para melhorar uma situação ao meu redor e criar perspectiva de progresso para mim mesmo e para aqueles que estão ao meu redor, ainda que virtualmente?
Esse o propósito. Há uma grande rede de solidariedade, já que somos irmãos uns dos outros. Qual a razão de desprezos, marginalizações, desrespeitos e preconceitos de todos os tipos entre outros aspectos negativos do relacionamento humano? Não há razões para isso. Perde o sentido. A vida é dinâmica, serve por si mesmo e também somos convidados a servir onde estivermos.
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