Estudando Espiritismo

ESPÍRITAS DELINQUENTES

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Livro.: O Apóstolo do Século XX – Chico Xavier

                   Weimar Muniz de Oliveira

                   FEEGO – Federação Espírita do Estado de Goiás

 Estou convencido de que o homem não tem sabido tirar real proveito da inteligência com que se distingue dos demais seres que habitam a Terra.

Detentor da razão desde milhares de séculos, e, apesar de sua enorme experiência, em inúmeros setores do pensamento e das atividades, continua sendo vítima de si mesmo. Em virtude de sua cegueira espiritual, decorrência de incorrigível vaidade, tem sido, ao longo das eras, algoz e vítima de si próprio, a um tempo. É fenômeno que se tem repetido entre os intelectuais de todas as áreas do conhecimento.

No seio da Doutrina Espírita não tem sido diferente. Não é difícil detectar ainda o império da arrogância sobre a humildade, verdadeiro estandarte da sabedoria e iniciação espirituais.

E daí, levados pela sede de notoriedade, efeito natural do cultivo da soberbia, deixa de lado o que o Cristianismo Redivivo tem de mais belo: o sentimento de fraternidade entre todos os irmãos. Ao contrário, irmãos do mesmo ideal, procuram se depreciar e acusar, as mais das vezes, como se fossem verazes inimigos.

Sobre esse ponto, Chico Xavier teve, certa vez, o seguinte diálogo com a médium de Memórias de Um Suicida* (Chico e Emmanuel, Carlos A. Baccelli, Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier, páginas 90/91):

“Um dia, encontrando-me com D. Yvonne Pereira no Rio de Janeiro, perguntei-lhe se estava indo ao Mundo Espiritual… Ela respondeu-me que, algumas vezes, conseguia o seu intento ao desdobrar-se do corpo físico.

Questionei-a se os Espíritos, com os quais se encontrava na oportunidade, tinham alguma opinião formada sobre as atitudes pouco fraternais dos espíritas.

Ela disse-me que o Dr. Bezerra de Menezes conversava muito com ela a respeito do assunto e que, embora demonstrasse preocupação, dizia que os espíritas estavam fazendo o que podiam fazer, de vez que a maioria deles era delinquente, Espíritos que haviam caído nas vidas anteriores pelos abusos da inteligência ou pelo excesso de personalismo…”

Mas os homens, e entre eles muitos irmãos espíritas, feridos pela vaidade, filha dileta do orgulho, não se dignam descer do pedestal onde se contemplam e se adoram, para reconhecerem a soberania do sentimento e do coração sobre a mente e o cérebro, frutos da sensibilidade, que demanda dezenas de milênios para eclodir e aperfeiçoar, e que, por isso mesmo, representa o legítimo altar do espírito.

Há, inegavelmente, incontestável aliança entre a Ciência (lato sensu) e a Religião, conforme muito bem está colocado em O Evangelho Segundo O Espiritimo (capítulo I, 8, FEB – Federação Espírita Brasileira):

“A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra as dos mundo moral… “

De acordo com Ferdinando (Espírito protetor – Bordeux, 1862 / capítulo VII, ítem 13, in fine, ob. citada):

    “…A inteligência é rica de méritos para o futuro, mas sob a condição de ser bem empregada. Se todos os homens que a possuem dela se servissem de conformidade com a vontade de Deus, fácil seria, para os Espíritos, a tarefa de fazer que a humanidade avance. Infelizmente, muitos a tornam instrumento de orgulho e de perdição contra si mesmos. O homem abusa de sua inteligência como de todas as suas outras faculdades e, no entanto, não lhe faltam ensinamentos que o advirtam de que uma poderosa mão pode retirar o que lhe concedeu.”

Dando continuidade ao comentário iniciado acima, Chico acrescenta:

“É por isso, meu filho, que encontramos nas fileiras espíritas tanta gente que se diz ter sido barão, príncipe, marquesa, rainha, ou algo semelhante, numa existência passada… “

E, ao final, Chico sentencia, com sabor de advertência:

“Afirma Emmanuel que eles foram mesmo e hoje estão por aí resgatando os seus débitos.

As lavadeiras, os lavradores, os serviçais humildes estão todos nos Planos Superiores…”

Nota de Fernando Peron (dezembro de 2010):

(*) – Memórias de Um Suicida / Yvonne A. Pereira (obra mediúnica) / FEB – Federação Espírita Brasileira. Obra-prima da literatura espírita, riquíssima de conteúdo sobre o Plano Espiritual e as Leis de Ação e Reação; considerada uma das dez melhores obras espíritas do século XX

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