Orson Peter Carrara
As duas virtudes são análogas. Parecem iguais, mas tem uma diferenciação peculiar. Uma busca no dicionário indica que Devotamento é grande empenho, com generosidade e sacrifícios em muitas ocasiões, entrega com desinteresse, entre outras. Já Abnegação indica ação com desprendimento e altruísmo, dedicação extrema em favor de uma causa, de uma pessoa, de uma iniciativa.
Aparentemente parecem iguais, mas há uma diferença fundamental. No devotamento, o agente, embora mobilizando suas capacidades internas, doa algo externo ao bem do outro, com empenho, dedicação e muitas vezes no sacrifício do próprio interesse, enquanto que na abnegação, o agente, embora mobilizando as mesmas capacidades, doa ao outro algo interno de si mesmo para o bem alheio. Aqui a dedicação é extrema, em sacrifício até da própria vida, se preciso.
É muito interesse porque ambas as virtudes muito se aproximam, mas são diferentes. E há um detalhe que impressiona ao raciocinar sobre elas: a abnegação emerge sem que desapareça o devotamento, pois aí elas passam a coexistir. O devotamento já é uma grande virtude, mas seu exercício faz surgir a abnegação, atributo ou conquista das grandes almas, que já compreendem a vivência plena do amor, pois que o bem alheio é colocado acima de qualquer condição. É para pensar, não é mesmo? Conseguimos já exercitar o devotamento?
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