Cotidiano - Wellington Balbo

De Bauru para o espaço.

Wellington Balbo

A pergunta que fica para a maioria dos habitantes deste mundo é a razão pela qual vivemos. Quase todos trazem consigo a questão acima.

Quem nunca consultou os seus botões acerca dos motivos que nos levam a mergulhar neste planeta, repleto de situações das mais diversas, que causam dores, dissabores e dificuldades?

Alguns gaiatos dizem que poderia ser mais fácil não fosse a presença de “filhos do Coisa Ruim”, que vivem aqui e alhures.

Entretanto, fato é que, sendo sinceros, boa parte dos abacaxis que aparecem para descascarmos têm origem em nossa maneira de ser.

Mas, mesmo assim, não vamos tirar de nós o direito de indagar:

– Qual o objetivo da encarnação?

Afinal, se Kardec, um dos autores do Espiritismo, fez isto, por qual razão nós não podemos fazê-lo?

Pois é…

O objetivo da encarnação num mundo como este, conforme dizem os próprios Espíritos, é o de promover nosso progresso por meio do trabalho com o esclarecimento sendo um filho das lutas e complicações desta vida.

Pode parecer esquisito, mas a verdade é que crescemos por meio dos “prejuízos”. Explico melhor a utilização da palavra prejuízo, tanto que a coloquei entre aspas. É que quando temos necessidades, quando temos de correr atrás do “prejuízo” desenvolvemos a inteligência, buscamos estratégias para nos safar dos enguiços, treinamos a paciência, aprendemos que na vida nem tudo acontece no tempo e prazo que definimos. Enfim, são as lutas que fortalecem os músculos da alma.

Mérito, o que os Espíritos dizem é esta palavra hoje tão mal interpretada: é preciso ter mérito. Mérito para que, por meio de tudo que nos ocorre, desenvolver virtudes.

Dia desses assisti uma entrevista do ministro da Ciência e Tecnologia, meu conterrâneo Marcos Pontes, em que ele compartilha um belo ensinamento que sua mãe lhe deu:

“Meu filho, você pode tudo, desde que estude, trabalhe, persista e faça mais do que esperam de você”.

Marcos Pontes seguiu os conselhos da mãe, acreditou naquilo e foi de Bauru para o espaço.

Teve mérito. Menino pobre, de uma cidade interiorana, avançou por meio das dificuldades e percalços e conseguiu ser piloto, mais: virou astronauta.

Foi além do que ele mesmo esperava para si.

As palavras da mãe de Pontes podem traduzir o que Deus espera de nós:

Que façamos mais, para nosso próprio bem, que arrebentemos os nossos próprios limites, numa competição sábia, estabelecida com nós mesmos e não com os outros.

Eis, então, claro o objetivo da encarnação:

Ser alguém melhor!

E quanto as pedras que aparecem no caminho?

Serão pequenas se nossa vontade de vencê-las for maior.

Talvez não cheguemos no espaço, como o astronauta Marcos Pontes, mas poderemos acessar nosso coração e vencermos os famigerados tormentos da alma: orgulho, inveja, ciúme…

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