Wellington Balbo – Salvador BA.
Dia desses fui assistir ao filme Tim Maia, que retrata a vida do famoso compositor e cantor que viveu no século passado. Sabia alguma coisa da vida de Tim, entretanto nada profundo. Como muitos de nós, eu era apenas um fã de sua voz e composições.
Todavia, o filme me levou a pensar em como Tim Maia, mas não apenas ele, pois filmes assim já saíram sobre Cazuza, Renato Russo e tantos outros, sentem-se ao verem as suas vidas devassadas e escancaradas para milhões de pessoas.
Sim, estão desencarnados, você dirá. Concordo, mas com ressalvas e afirmo: estão desencarnados, mas não mortos.
E se estão apenas desencarnados, porém não desprovidos de sentimento, naturalmente que devem, a depender do seu nível evolutivo, aprovar ou desaprovar os comentários, críticas e julgamentos a que estão sendo expostos.
Se o Espiritismo é claro em afirmar que o espírito é sensível as lembranças que nós devotamos a ele, fica fácil concluir que um filme que retrata sua vida na Terra pode, sim, sensibilizá-lo bastante.
Portanto, fiquei a me indagar: será que temos o direito de devassar assim a vida alheia, por mais que seja uma figura pública?
Sim, porque milhões de pessoas saberão o que fez ou deixou de fazer aquele indivíduo após o filme de sua trajetória terrena, e, em assim sendo sentir-se-ão no direito de comentar, criticar, julgar, opinar e por aí vai…
Qual é o limite do razoável nesses casos? Será que esses espíritos, Tim Maia, Cazuza, Renato Russo sentem-se bem ao verem sua intimidade invadida e ao receberem vibrações, não raro nada caridosas, dos espectadores?
Você ainda dirá, leitor, que filmes foram feitos sobre Chico Xavier, Mahatma Ghandi e outros mais. Porém, sejamos sinceros: quem assistiu aos filmes citados acima sabe bem do que estou falando e o que está sendo abordado nas obras supracitadas.
Breve, 15 de novembro sairá o filme sobre Irmã Dulce, eu creio que irei assistir. Penso que a produção dará colorido bem diferente do que deu a Tim Maia, Cazuza e Renato Russo por razões óbvias e que dispensam maiores comentários.
Por isso, indago a mim e a você: Será, caro leitor, que não seria mais útil para nós e para esses espíritos os deixarmos tranquilos a fim de que reflitam em sua existência?
E se tivermos que lembrar que os lembremos pelas suas composições, vozes e poesias, deixando um pouco de lado o julgamento sobre suas atitudes?
Penso que vida é vida, seja aqui ou no plano dos espíritos, portanto, nenhum ser, seja encarnado ou desencarnado aprovará sua vida sendo exposta sem o seu consentimento.
Como é complicado evocar essas figuras para perguntar-lhes se permitem aprofundarmos em suas vidas, creio que é melhor deixarmos os “mortos” viverem em paz. Ou não?
Pensemos nisto.
Wellington Balbo, 12 de novembro de 2014.
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