Orson Peter Carrara
“Padeci, e só os sofrimentos é que me tornaram feliz. Resgataram muitos anos de luxo e de ociosidade. A dor levou-me a meditar, a orar e, no meio dos inebriamentos do prazer, jamais a reflexão salutar deixou de penetrar minha alma. Jamais a prece deixou de ser balbuciada pelos meus lábios. Abençoadas sejam as minhas provações, pois finalmente elas me abriram o caminho que conduz à sabedoria e à verdade.” (em comunicação recebida pelo autor). Eis a obra do sofrimento! Não será essa a maior de todas as obras que se efetuam na Humanidade? Ela se executa em silêncio, secretamente, porém os seus resultados são incalculáveis. Desprendendo a alma de tudo o que é vil, material e transitório eleva-a, impulsionando-a para o futuro, para os mundos que são a sua herança. Fala-me de Deus e das leis eternas. (…) uma longa vida de dores, de males suportados pacientemente, é muito (…) fecunda para o adiantamento do Espírito. (…). Todas essas vidas obscuras e mudas, existências de luta silenciosa e de recolhimento, tombam no olvido, mas, esses que as enfrentaram encontram na luz espiritual a recompensa. Só a dor pode abrandar o nosso coração, avivar os fogos da nossa alma. É o cinzel que lhe dá proporções harmônicas, que lhe apura os contornos e a faz resplandecer em sua perfeita beleza. Uma obra de sacrifício, lenta e contínua produz maiores efeitos que um ato sublime, porém insulado.”
O trecho acima é de Léon Denis, no livro Depois da Morte (edição CELD), constante no capítulo 50 – Resignação na Adversidade (Quinta Parte – O Caminho Reto). O destaque da comunicação por ele recebida inspirou seu lúcido raciocínio que nem sempre conseguimos enxergar. A dor, o sofrimento tem função educativa. Não a queremos, convenhamos, mas é preciso enxergar além, para compreender sua nobre missão em nosso favor.
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