Wellington Balbo – Salvador BA.
Em razão dos altos índices de suicídio resolvemos, já há alguns anos, estudar mais profundamente o tema. Então, escrevemos, junto com dois amigos, Arlindo e Alfredo, o livro Evite a rota do suicídio, mas não paramos por aí no estudo que aborda a temática, e, após o livro comecei a distribuir um questionário para que aqueles que pensam no autoextermínio respondam, e, então, a partir das respostas, elaborarmos estratégias para, quem sabe, diminuir a dor de quem pensa em suicídio e evitar a extrema atitude.
Uma das perguntas que faço é quanto ao tipo de problema que a pessoa mais tem dificuldade em lidar. Relacionamento amoroso, familiar, problema profissional, financeiro, de saúde ou outros? Qual seria o problema que mais apoquenta e gera intranquilidade à alma humana?
A esmagadora maioria das respostas aponta que o problema mais difícil de lidar é o familiar. Problemas financeiros aparecem atrás do familiar e relacionamento amoroso. Considero ao menos curioso o fato de problema de saúde ter sido pouco citado. Falemos, então, deste agente gerador de sofrimento que são os problemas familiares e que colaboram para que a ideia suicida se faça mais presente na sociedade.
A família é o ponto fundamental para nosso desenvolvimento como seres em evolução. É na família que experimentamos as primeiras noções de afeto, disciplina, organização, vivência e troca de experiências com o outro. A família prepara-nos para viver em sociedade. É na família, ou ao menos deveria ser na família, que descansamos nossa cabeça fatigada pelas lutas e embates do dia a dia, próprios de um mundo de expiação e provas.
Porém, quando na família encontramos rejeição, censura, falta de afeto, tendemos a deixar com que a amargura ganhe espaço em nossa existência. Ficamos ressentidos, e isto, ao longo dos anos toma uma proporção tão grande que, claro, aliado a outros fatores faz com que a ideia suicida comece a fazer morada em nossa casa mental.
Na questão 775 de O livro dos Espíritos, Kardec indaga aos Espíritos que o assistiam sobre o resultado do relaxamento dos laços de família, ou seja, a perda desta referência familiar, e os Espíritos respondem que seria o aumento do egoísmo. O raciocínio pode ser aplicado da seguinte forma: ao apertar os laços de família aumentamos o nosso pensar no outro, proporcionando aos familiares aquilo que a família deve ser: local de aprender e reconforto diante das provas cotidianas.
Uma família atuante, que como se diz no jargão popular está “colada” é um dos fatores que faz com que as pessoas sintam-se amadas, queridas, tenham um ouvido amigo para desabafar e, este, naturalmente, é um fator que ajuda na prevenção ao suicídio.
Óbvio que não se pode colocar nas “costas” da família a responsabilidade pelos suicídios que abundam nos quatro cantos do mundo, mas é inegável que uma boa família, com problemas naturais, mas que aperta os laços de convivência e foca no amor de uns para com os outros oferece mais condições para uma vida menos sofrida.
Talvez você que teve um familiar vitimado pelo suicídio sinta-se chateado com este texto, todavia, peço que não o encare como uma forma de censura ou crítica, porque, como dito acima, há fatores e fatores que levam o indivíduo a cogitar do suicídio, tais como os transtornos mentais, problemas relacionados ao uso de drogas e uma gama de outras coisas.
A ideia aqui é, por meio deste estudo realizado, mostrar que o problema mais difícil que a maioria das pessoas enfrenta é o problema familiar, e que, segundo os Espíritos, nós podemos estreitar esses laços de família para que as pessoas sintam-se agasalhadas pelo amor e escutadas em suas questões fundamentais.
Se uma vida sem problemas é impossível, que ao menos possamos estreitar os laços de família e “ouvir uns aos outros”, deixando a existência um pouco mais leve e saborosa de se levar.
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