Wellington Balbo
Participo de um grupo de estudos do Espiritismo pela internet, grupo, aliás, muito instrutivo. Costumo aprender com os comentários dos estudiosos e, dia desses vi algo, num comentário, que me chamou atenção.
Um componente do grupo pediu a outro participante para analisar determinada palestra espírita que havia sido proferida em sua cidade. Então, após o pedido, a análise foi feita de forma muito tranquila, com argumentos e sem qualquer ofensa a referida palestra ou ao orador.
Mas, eis que uma outra participante do grupo, ao se deparar com a análise da palestra, resolve pedir mais caridade.
Fiquei, então, sem entender. A análise, como disse acima, havia sido feita da forma mais respeitável possível, sem ofensas ou adjetivações.
Onde estaria a falta de caridade?
Aquilo me levou a refletir na compreensão que temos da palavra caridade. Será que entendemos, realmente, o que é caridade? Caridade seria calar-se? Caridade seria não realizar críticas? Por qual razão alguém entende uma análise como falta de caridade?
Entender análise como falta de caridade, aliás, é algo bem comum na cultura brasileira, e isto, infelizmente, empobrece o debate e a troca de ideias.
Quando digo que alguém que fez uma análise respeitosa e com bons argumentos faltou com a caridade gero um clima de constrangimento que tende a trazer o silêncio ou o confronto e não o debate sadio.
A fuga de uma análise, seja de mensagens mediúnicas, livros, textos e palestras é a técnica utilizada por Espíritos que fascinam: a ideia deles é privar os indivíduos do senso crítico, transformando em inimigos e desafetos todos aqueles que oferecem um ponto discordante ou de melhoria em suas opiniões.
Penso que mudar o foco de como se vê a questão é fundamental para o crescimento. Ao enxergar quem faz análise como alguém que me dá, gratuitamente, um feedback, um retorno sobre o meu trabalho, automaticamente elimino a ideia de faltar caridade, de modo que poderei aproveitar todos os seus apontamentos sobre minha explanação, mensagem, livro, texto ou coisas do gênero, logo, crescer com sua análise.
Mas para isto é preciso humildade; para bem receber uma análise é necessário sair da redoma da infalibilidade para conectar-se com sua dimensão humana, pois os humanos erram.
E nós, infelizmente, parece que estamos ainda imaturos para admitir que erramos.
Eis um tema para pensarmos com carinho.
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