Wellington Balbo – Salvador BA
É muito natural, dentro do contexto que estamos vivendo em questões políticas, que o brasileiro e, claro, o espírita, debata, discuta e argumente em favor do seu candidato ou partido político.
Faz parte do jogo democrático toda discussão saudável, que não extrapole os limites do respeito ao outro. Mas, se o espírita pode e deve exercer o seu direito de cidadão, ele deve, também, guardar respeito ao espiritismo no que concerne ao tema político partidário.
Se pode debater, argumentar, defender seu candidato, deve fazê-lo longe das lides espíritas, porque o espiritismo não se vincula a questões político partidárias. Também está fora do campo de ação do espiritismo informar se quem vota no candidato A é bom ou mau caráter, ou se quem defende o partido B tem o nível moral elevado. Aliás, são as ações e não a escolha do candidato que dirá se alguém é ou não um indivíduo moralizado.
São diretrizes de Kardec que nas reuniões espíritas não se discuta política, economia e religião. O objetivo do espiritismo é outro, bem outro, e é muito mais abrangente do que saber em quem ou qual partido nós votamos ou apoiamos.
O que vemos hoje, porém, é um cenário bem diferente do que pediu Kardec. Em face da polarização e do grande interesse do brasileiro/espírita por política, há um movimento que engloba gente de todas as preferências políticas e partidárias a recortar frases de Kardec e dos Espíritos e adequar conforme as suas conveniências, de modo a colocar o outro, ou seja, o adversário político como alguém “malvadão”, ruim, uma espécie de sub grupo da humanidade porque não “reza” em sua cartilha.
Os adversários políticos são justamente aqueles que devem ser combatidos pelo motivo de “faltarem” com a caridade que, diga-se, é uma das bandeiras defendidas por Kardec ao longo de sua obra.
Quem assim age desconhece a postura serena de Kardec a sinalizar que o campo espírita não é palco para este tipo de jogo, até porque a caridade anunciada por Kardec é muito mais profunda do que proposta de partido político ou qualquer outro plano de governo.
Há muito a fazer no campo espírita, muito a trabalhar, a divulgar, a levar adiante a doutrina tal como foi concebida por Kardec e os Espíritos. Enquanto gastamos fôlego, tinta, tempo e energia tentando provar quem dos políticos fez mais ou menos, uma infinidade de pessoas atenta contra a própria vida, sedentas que estavam do genuíno conhecimento espírita que poderia dar-lhes uma melhor qualidade de vida, poupando-lhes o triste ato.
Paro por aqui nos exemplos, pois vão aos milhares…
Por essas e outras é que peço:
Militantes político partidários, deixem o espiritismo em paz!
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