Cotidiano - Wellington Balbo

Schopenhauer e Kardec.

Arthur Schopenhauer

Wellington Balbo – Salvador BA

Artigo reproduzido pelo jornal Momento Espírita, do CEAC Bauru SP.

Gosto muito do filósofo alemão Schopenhauer (1788 – 1860). Ele é direto, objetivo e sem firulas. Um pensador vigoroso e profundo. Na coletânea – a Arte de escrever –  com textos do filósofo pessimista, há interessantes ideias bem traçadas pelo alemão.

Para Schopenhauer é a vontade o motor do mundo. E o homem está sempre refém das suas vontades, desde as mais simples até as mais sofisticadas.

Saciada uma vontade, logo vem o tédio e, por consequência, o desenho de uma nova vontade. Sendo a vontade o móvel principal da ação humana, está escrita uma ciranda: vontade, busca para saciá-la, saciedade e desenho de uma nova vontade, numa insatisfação eterna.

Portanto, para Schopenhauer, viver é sofrer, pois a satisfação nunca chega e as vontades jamais cessam.

Mas não é este o aspecto da literatura de Schopenhauer que queremos exaltar. Há coisas, digamos, mais “pra frentex” que ele escreveu.

Vamos lá:

Diz Schopenhauer que o conhecimento genuíno se faz por aquele que busca a verdade pelo amor ao saber, tendo este como seu fim precípuo.

O amante do saber é um diletante, alguém que procura a verdade para com ela deleitar-se. Dedica-se, pois, de corpo e alma, sem segundas intenções ou interesses outros que não a descoberta, o filão de ouro chamado verdade.

Segundo o filósofo, quem se liga a uma determinada área do conhecimento por amor produz muito mais do que quem se debruça para obter vantagens monetárias.

Exemplificarei.

Indagam alguns:

Por que você quer seguir em determinada profissão?

A resposta do não diletante vem rápida:

Porque dá dinheiro!

Para Schopenhauer este é um mero mercador, o conhecimento não é a sua finalidade, mas um meio para rechear sua carteira.

Ao ler Schopenhauer lembrei de Kardec.

O filósofo francês dedicou-se à ciência espírita por amor. Desvendar a finalidade da existência humana, a importalidade da alma e as leis que regem “vivos e mortos” eram seus objetivos. Se não fossem, Kardec bem poderia ter dedicado-se a “arte” de fazer fortuna. Não quis. Diletante, como definiria Schopenhauer, Kardec buscou a verdade “per il loro diletto”, ou seja, para seu deleite, sua alegria.

Segundo Schopenhauer, os grandes homens, aqueles que oferecem fachos de luz à humanidade, são os que buscam a verdade por amor, por deleite.

E que clarão abriu Kardec. Tão forte que, passados pouco mais de 150 anos, muitos não conseguiram entendê-lo.

Talvez faltem mais diletantes, pessoas que busquem o conhecimento pelo amor à verdade, desapegadas de louros, aplausos e coisas do gênero…

Assim falou Schopenhauer…

Assim trabalhou Kardec…

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