Wellington Balbo – Salvador BA.
Nessas andanças por muitos centros espíritas que tive oportunidade de realizar, por conta da tarefa na oratória, encontrei-me com muita gente.
Esses encontros, aliás, uma das alegrias deste trabalho.
Então, conversa, bate papo e interação com amigos espíritas, das mais diversas casas, renderam-me histórias bem interessantes sobre os mais variados temas, como, por exemplo, as apresentações que são realizadas dos oradores espíritas ao público, ou a divulgação de eventos em cartazes e outras formas de publicidade.
Certa vez um amigo, que aqui chamaremos de Cássio, da cidade de Valinhos, (nome e cidade diferentes) confessou-me que esteve em determinado centro espírita para proferir palestra, e quando o chamaram para as devidas apresentações, assim disseram:
Eis aqui o colega Getúlio da cidade de Goiania.
Ele corrigiu a pessoa. Meu nome é Cassio e sou de Valinhos.
Então, aquele que o apresentava, disse:
Eis aqui o colega Godofredo da cidade de Penápolis.
Ele corrigiu de novo.
Meu nome é Cássio e sou de Valinhos. O apresentador, cansado das correções, informou ao público:
Eis aqui esse indivíduo, que não me recordo o nome e a cidade de onde vem, para falar sobre Jesus esta noite.
Cássio, o amigo em questão, relatou-me o episódio e demos muitas gargalhadas.
Mas, se analisarmos de forma racional a atitude do apresentador demonstra falta de consideração e carinho para com o orador.
Negligencia total.
Este descaso na apresentação de Cássio é, pois, um dos extremos na tarefa de apresentar um orador espírita.
Há o outro extremo, e este digo que acontece com muito mais frequência. E neste extremo, apenas como exemplo cito a conversa que tive com o amigo Gervásio, orador espírita que, certa vez, disse-me ter ficado constrangido tamanha a pompa e circunstância com que envolveram seu nome.
Ao ser apersentado, pouco antes de sua palestra, assim falaram do amigo Gervásio:
– Dr. Gervásio, médico com 4 pós graduações, pesquisador emérito, membro de 22 academias científicas, dono de notável vocabulário, presidente da Associação XXXXXXXXXXXXX, membro diretor do Hospital de XXXXXXX, com mais de 20 livros publicados e 50.000 exemplares vendidos…
Gervásio, constrangido, respirou fundo após as apresentações. Envergonhado, logo iniciou sua fala e até esqueceu de saudar o público.
Este fato que me foi narrado por Gervásio é muito comum no meio espírita. Seja na divulgação de eventos em cartazes, emails e etc., seja na apresentação do orador ao público há grandes exageros, com enorme foco em seu currículo e pouco enfoque no tema a ser tratado.
Em realidade, pouco interessa ao público os títulos e ocupações do orador. Penso, aliás, que o mais complicado disso tudo é que gera um distanciamento das pessoas, colocando o orador num patamar inalcansável.
Tudo bem você informar ao público a profissão do orador, pois isto de faz até interessante para abordagem de determinados temas, mas sem afetações.
Definitivamente não é de bom alvitre os exageros.
Ideal é a simplicidade.
E simplicidade vem com o equlíbrio, nem lá, nem cá…
Simplicidade esta que me foi contada por Messias, um outro amigo orador espírita.
Disse-me que a apresentação mais bacana que haviam feito dele foi a seguinte:
Eis aqui Messias, orador da cidade tal, trabalha em tal casa e é um servidor do Cristo.
Pronto, resolvido.
Nome, cidade de onde vem e casa em que trabalha. Tudo muito simples e tranquilo, de modo a aproximar as pessoas do orador, colocando-o como “gente da gente”, pois em verdade é isto mesmo que ocorre.
Messias foi lá e, como servidor do Cristo, deu o seu recado.
Sem afetações, bajulações ou apresentação de largo currículo.
Ao público, o mais importante seria a mensagem transmitida por Messias e não seus títulos e ocupações nos palcos do mundo.
Simplicidade, pois, para que fiquemos mais próximos uns dos outros.
Vale pensar neste tema.
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