Wellington Balbo – Salvador BA
Nos verdes anos, em Bauru, eu e meus amigos gostávamos muito de paquerar as “gatinhas”. Ficávamos ali, nas imediações do BB Batatas e avenida Getúlio Vargas a observar as belas meninas que passavam num intenso ir e vir na grande avenidade bauruense. Digo belas segundo os padrões de beleza estabelecidos atualmente, porquanto, se fôssemos voltar ao passado, séculos XVIII e XIX, os padrões de beleza eram bem outros, sendo, pois, as mais cheinhas as cobiçadas.
Quando um de nós interessava-se por alguma garota que não obedecia aos padrões de beleza, logo os colegas questionavam:
Mas ela não é bonita! O que você viu nela?
Então, por conta disso, para explicar esta “estranha” atração, inventamos um termo denominado zurubitol. Sim, a menina que não correspondia aos padrões de beleza, mas ainda assim chamava atenção era porque tinha o tal de ZURUBITOL. O zurubitol explicava absolutamente tudo.
Lendo um ensaio de Montesquieu, filósofo francês do século XVII, verifiquei que ele aborda a questão da “beleza e feiúra”, dizendo que, não raro, o feio tem mais charme que o belo, uma espécie de encanto, de magia, de graça natural que nos chama atenção.
Montesquieu queria dizer “zurubitol”, mas ele não teve a oportunidade de conhecer-nos e desfilar pela Getúlio Vargas. Pois eu lhe digo: Montesquieu, o que essas pessoas têm, essa graça, esse charme que vai além do corpo físico chama-se “zurubitol”.
Allan Kardec e os Espíritos que colaboraram com a construção do Espiritismo também deram seu parecer sobre esta questão do feio e bonito. Ora, como já abordado, sabe-se que padrões de beleza obedecem determinadas épocas. Nem voltarei ao século XVIII, ficarei na década de 1980 do século passado. Naquela época não havia, como há hoje, tantos corpos sarados a estabelecer um padrão de beleza. Lembre-se, caro leitor, das novelas e verá que os galãs eram de biotipo completamente diferente dos galãs atuais.
Pois bem, a beleza física é subordinada aos tempos.
Mas, sendo o corpo o instrumento do espírito, informam os Espíritos que pessoas consideradas “feias”, mas que trazem valores morais bem acentuados acabam por agradar e por tornarem-se belas, ao passo que, gente bela, de rosto perfeito, pode causar repulsa, pois os olhos são os espelhos da alma.
Uma amiga costumava brincar comigo:
– Wellington, meu marido é feio demais, porém… ele é tão lindo, mas tão lindo que estou apaixonada há 30 anos.
A amiga, sem conhecimento do que falaram os Espíritos, dizia a mesma coisa que eles. Pessoas com bons valores morais exalam beleza em seu semblante, é bom estar ao lado delas, caminhar junto, pois exalam uma beleza indefinível, uma graça que não sabemos bem explicar de onde vem, mas que existe.
A isto, eu e meus amigos daríamos o nome de ZURUBITOL.
Montesquieu, não obstante sua sabedoria, ficou sem palavras para explicar a razão pela qual pessoas “feias” tornam-se belas.
Faltou ao célebre filósofo ter conhecido Bauru, ter desfilado pela avenida Getúlio Vargas…
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