Jacob Melo
Extraído do Livro: O Passe: seu estudo, suas técnicas, sua prática – Capítulo V
“Nem todos os homens são sensíveis à ação magnética, e, entre os que o são, pode haver maior ou menor receptividade, o que depende de diversas condições, umas que dizem respeito ao magnetizador e outras ao próprio magnetizado, além de circunstâncias ocasionais oriundas de diversos fatores”. (Michaelus)
A Fé
“O poder da fé se demonstra, de modo direto e especial. na ação magnética; por seu intermédio, o homem atua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer irresistível. Daí decorre que aquele que, a um grande poder fluídico normal, junta ardente fé, pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeito de uma lei natural. Tal o motivo por que Jesus disse a seus apóstolos: “Se não o curastes, foi porque não tendes fé” (Allan Kardec). (Grifos nossos.) Na verdade não há muito o que interpretar dessas palavras de Kardec; apenas ressaltamos a ponte existente entre a fé e a ação fluídica por obra da “força da sua vontade”. Desnecessário, portanto, dizer que a ausência da fé, por parte do passista, é a anulação prática de seu “poder” e, no paciente, é a falta do catalisador fundamental da cura. É, como disse Anna, rainha da Romênia, quando prefaciou George Chapman: “Serão salvos os que tiverem fé”. Na pena de Léon Denis, observamos uma notável síntese deste assunto: “a fé vivaz, a vontade, a prece e a evocação dos poderes superiores amparam o operador e o sensitivo. Quando ambos se acham unidos pelo pensamento e pelo coração, a ação curativa é mais intensa” (grifamos). Dispensável qualquer outro comentário. Colocando-nos na posição daquele que não crê, ou não o quer, diríamos: “até parece que ter fé é uma coisa simples, fácil, que se pode conseguir sem maiores esforços”; mas, na realidade, não o é. Considerando determinados padrões de relatividade, não podemos dizer que ter fé seja fácil ou difícil, mas, sem dúvida, é adquirível. Afinal, conforme Kardec, “Entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela é uma espécie de lucidez (…)”. Entretanto, “Cumpre não confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se conjuga à humildade”, ao que reforça as palavras de Chico Xavier. ensinando-nos como consegui-la: “A conquista da fé, a nosso ver, se faz menos penosa, quando resolvemos ser fiéis, por nós mesmos, às disciplinas decorrentes dos compromissos que assumimos”. Fé, portanto, é ação. É a confiança operando. Ao contrário do que muitos imaginam, a fé não é a passividade acomodada nem a expectação contemplativa; ela nos solicita raciocínio, razão, paciência, trabalho e humildade. Daí nos preocuparmos com os esclarecimentos que devem ser dados aos pacientes e aos Espíritas em geral, a fim de, compreendendo a maneira como se dão as curas, possamos usar a razão, que nos fará rejeitar os absurdos, com a paciência humilde do “Pai Nosso, (…) seja feita a vossa vontade” – e não necessariamente “a nossa” -, confiantes de que nossas dores de hoje, se bem suportadas, transformar-se-ão nas glórias de amanhã. A fé, contudo, não é artigo apenas dos religiosos. Saiunav, como outros magnetizadores de todos os tempos, lhe faz referência. Eis um exemplo: “Se o agente sabe como extrair de si o “biocampo”, o “biochoque” (…), duvidar da capacidade de projetar do seu interior esse algo, ele nada conseguirá. “(…) É imprescindível a confiança inabalável em si próprio, nas próprias forças, na própria vontade, na própria capacidade. De fato, só a fé é capaz de mover montanhas!” Enaltecendo a fé através do pensamento e da vontade firme na execução de uma ação, Michaelus reforça que “A vontade por si só não terá a virtude de tornar eficiente a ação magnética, se não for acompanhada de um outro elemento – a confiança”, lembrando, ainda, que “O elemento confiança há de surgir necessária e logicamente da nossa fé e do auxílio que sempre recebemos do Alto”. Até mesmo como um alento a quem esteja desesperado, por qualquer que seja o motivo, lembramos as palavras de José, Espírito Protetor, quando, discorrendo sobre “A Fé: mãe da Esperança e da Caridade”, nos convida, esclarecendo: “Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé”. Portanto, para quem recebe e para quem doa o passe, a fé há de ser o luzeiro que descortinará o horizonte promissor da cura: material, moral e espiritual.
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