Wellington Balbo – Salvador BA
Sou, por natureza, uma pessoa curiosa, gosto de conhecer, questionar, indagar. Aliás, foi esta curiosidade que me levou a conhecer o Espiritismo. Eu pensava: Onde anda Deus que não combate tanta injustiça neste mundo? Será que o Homem lá de cima existe mesmo?
Foi buscando respostas a estas indagações que descobri o Espiritismo e os reais objetivos da existência humana. Naturalmente que as respostas proporcionadas pela doutrina espírita não me levaram à perfeição, todavia tenho que reconhecer: Eu já fui pior!
Mas, voltando ao tema curiosidade, algo que nunca tive foi vontade de conhecer o carnaval. Embora tenha participado de alguns bailes na minha juventude em Bauru, no interior de São Paulo, nunca fui de fato um folião. Entretanto, ontem caíram em minhas mãos dois convites para acompanhar o carnaval de Salvador. Por curiosidade aceitei e para o local rumei com minha esposa.
Confesso que fiquei encantado com a organização e estrutura. Um mega evento. Comida e bebida em fartura. Banheiros climatizados e higienizados à todos os instantes. Garçons muito bem treinados desfilando com guloseimas dos mais variados tipos. Refeições de diversos países contemplavam o gosto de quem aprecia pratos das mais distantes nacionalidades. Tinha até água, caro leitor, imagine…
Enfim, um show de organização, logística e processos!
Entretanto, o que me chamou a atenção foi ver aquela multidão de pessoas correndo atrás do trio elétrico.
Todos hipnotizados pela música, ritmo, batuques e danças. Mulheres e homens beijando-se freneticamente.
Vi um rapaz, alto e forte, aplicar vários beijos em mulheres diferentes sem nem perguntar a elas se consentiam com essa intimidade…
Sinceramente, não sou contra alguns momentos de diversão, todavia, vale refletirmos como está nossa existência:
Será que nos comprometemos mais com a diversão do que com o trabalho de conhecimento sobre si mesmo e reforma moral? Será que quero me entorpecer por vários dias porque minha existência anda demasiada sem contexto? Um dia dedicado à diversão vá lá, mas vários? Será que estou bem comigo mesmo? Preciso disso? Depois virá o vazio existencial? Vale à pena preencher-me com tantos exageros?
Não veja como lição de moral, amigo leitor, não tenho condições para isso, apenas ofereço algumas questões para refletirmos.
Você dirá que cada um de nós tem o direito de escolher, optar, preferir e dedicar tempo e energia a isto ou aquilo. E eu vou concordar.
Entretanto, considere que para tudo na vida deve haver o equilíbrio. Se a diversão nos ajuda a relaxar, o trabalho útil, o tempo dedicado ao autoconhecimento, a leitura edificante, o labor por melhorar o próprio comportamento são fundamentais para o que tanto almejamos: A felicidade!
A “felicidade” da avenida passa junto com o desfile do trio elétrico e na quarta feira de cinzas só há realmente cinzas desta suposta “felicidade”.
Passou, foi rápido, efêmero e, não raro, para quem costuma refletir deixou a “ressaca moral”.
Gosto muito da receita que os Espíritos dão para felicidade:
Do ponto de vista material a posse do necessário, já do ponto de vista moral a consciência tranquila e a fé no futuro.
Sublime a resposta, de uma sabedoria ímpar.
Esta felicidade é duradoura, real, leve…
Não obstante a necessidade da pausa para um refresco, fundamental sentir que fazemos parte de um projeto que é bem mais amplo e profundo do que uma festa que ocorre uma vez ao ano.
Quando tivermos a real dimensão do papel que viemos aqui desempenhar deixaremos de lado tantos exageros na diversão, tantos excessos e extravagâncias na forma de levar a vida.
Um dia aprenderemos porque esta é a vontade de Deus…
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