Wellington Balbo – Salvador BA.
Faz algum tempo que me debrucei para estudar o suicídio. Porque ocorre, os pensamentos que transitam pela mente de quem pensa na ideia do suicídio e tantas outras questões sempre me chamaram a atenção, tanto que escrevi, junto com dois amigos, o livro “Evite a rota do suicídio” e lá se vão 10 anos.
Faz aproximadamente 6 meses que retomei as pesquisas sobre o suicídio e, então, apliquei questionários com 10 perguntas para pessoas que já tiveram a ideia do suicídio ou tentaram consumar o ato.
Estou ainda reunindo o material, mas as respostas que obtive permitem, de certa forma, elencar alguns pontos para nossa reflexão.
Um desses pontos é o de que se pode, até para melhor organização de nossos estudos e, também, implantação de ações que coíbam o triste ato, separar em dois grupos aqueles que pensam em suicídio.
Esses dois grupos não são de caráter absoluto e não fecham qualquer questão.
Grupo 1 – os que pensam em suicídio por ocasião de alguma contrariedade, situação difícil, enfim, algo que lhe escape o controle e que pareça sem solução.
Pode-se colocar aí aqueles que pensam em cometer o ato porque o relacionamento terminou, morreu um ente querido, situação financeira caótica e tantas outras coisas. Neste grupo o tratamento é, digamos, menos complexo. Muitas vezes o desabafo, o ombro amigo, a ida ao terapeuta e ao psiquiatra para regularizar as questões hormonais e psíquicas podem resolver o assunto.
No caso do centro espírita, deixo a sugestão de criar um departamento específico para tratar de pessoas com ideias suicidas. Interessante capacitar os trabalhadores para que possam bem receber e acolher essas pessoas. Sem dúvida que, com capacitação e a potente e esperançosa tese da imortalidade da alma muitos casos de suicídio serão evitados pelos centros espíritas e seus trabalhadores.
Apenas para pegar um caso e ilustrar, Kardec trata de uma situação dessas – suicídio realizado por impulso e por amor – na Revista Espírita, setembro de 1858, e dá ao texto o título de: Suicídio por amor.
Pelo título, leitor, certamente você saberá do que se trata. Fica a dica para a consulta do referido texto, que conta, ainda, com a evocação do Espírito que cometeu o suicídio.
Vamos para o grupo 2.
Grupo 2 – os que trazem a prova de vencer a tendência suicida. Nestes casos a coisa é um pouco mais complexa, porquanto, não raro há junto o componente da obsessão em forma mais aguda.
A ideia suicida parece que está cristalizada de tal modo que dela não se desvencilha facilmente. Na Revista Espírita, janeiro de 1869, pouco antes do seu desencarne, Kardec trata do tema em texto com o título: “Suicídio por obsessão”. O referido texto narra a história de um indivíduo que havia sido impelido por um Espírito a cometer o suicídio. O jovem ouvia incessantemente uma voz a chamar:
“Vem, vem!”.
Este Espírito que o chamava havia sido sua esposa em existência anterior e, por vingança, queria levá-lo ao suicídio. O rapaz não resistiu à obsessão e cometeu o triste ato.
Aqueles que se encaixam neste grupo, além do tratamento convencional, com terapeutas, psicólogos e psiquiatras, deve buscar um centro espírita que terá trabalhador capacitado para identificar possíveis componentes que sugerem a obsessão e, a partir daí, dar o devido encaminhamento ao assunto.
Importante, também, o acompanhamento por parte da equipe do centro espírita para monitorar a situação, haja vista que se trata de casos mais complexos e que requerem um cuidado maior.
Atrevo até uma sugestão para situações assim: que o centro espírita ou qualquer local que trate o caso esteja sempre perto da pessoa, acompanhando-a.
Para encerrar o presente texto, é significativo repetir que nos casos de ideia suicida jamais se pode abrir mão do acompanhamento médico e psicológico convencional, sendo o acompanhamento espiritual uma forma de tratamento paralelo às convencionais.
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